A bênção do avô distante

A bênção do avô distante

Por Débora Vieira, psicóloga clínica e editora da Rede Mãos Dadas 

 

Seguimos falando neste mês de julho sobre o grande papel do legado dos avós para a nova geração. É importante procurarmos refletir sobre essa questão em nossas casas e igrejas, pois nossos dias nos têm levado a menosprezar o passado e todo o seu acervo cultural: histórias, mentalidades, ferramentas e modo de viver. Será que o antigo, deve ser considerado obsoleto? Que nossas crianças e adolescentes possam ter a oportunidade abençoadora de remar contra a maré. Que eles possam usufruir da benção que é aprender com os tesouros deixados pelos que trilharam seu caminho a mais tempo que eles. 

Mas como conquistar esse respeito em nossos dias? E sobre os avós que sequer tem tempo de qualidade com os netos? Como poderão alcançar algo assim? Hoje podemos aprender um pouco com o vovô Jacó, que por muito tempo sequer soube que seu filho José estava vivo – quanto mais os filhos de seu filho! Quando conheceu os meninos eles não eram mais tão crianças. E mesmo assim, a postura do vovô foi inspiradora para todos os vovôs de hoje. Em Gênesis 48:11-20, lemos um dos únicos relatos de interação entre avô e netos das Escrituras. 

E José tomou os dois, Efraim à sua direita, perto da mão esquerda de Israel, e Manassés à sua esquerda, perto da mão direita de Israel, e os aproximou dele. Israel, porém, estendeu a mão direita e a pôs sobre a cabeça de Efraim, embora este fosse o mais novo e, cruzando os braços, pôs a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés, embora Manassés fosse o filho mais velho. E abençoou a José, dizendo: “Que o Deus, a quem serviram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor em toda a minha vida até o dia de hoje, o Anjo que me redimiu de todo o mal, abençoe estes meninos. Sejam eles chamados pelo meu nome e pelos nomes de meus pais Abraão e Isaque, e cresçam muito na terra”.

Gênesis 48:13-16

Mesmo com tão mínima interação com os meninos, o avô tem compreensão da autoridade espiritual que exerce sobre a vida dos netos e:

  1. Põe a mão sobre a cabeça deles para abençoar. O toque físico apropriado é tão construtivo para uma relação familiar saudável! Neste contexto bíblico, Jacó toca seus netos para os abençoar. E os avós podem aprender com essa postura. O toque na cabeça da criança, por si, já é uma benção pra ela!
  1. Relata a sua própria vida como uma experiência de benção para os netos. O texto bíblico diz que Israel abençoa seus netos, mas é interessante observarmos como ele transmite essa benção. Os meninos escutam o relato da sua fé: “…o Deus que tem sido o meu pastor em toda a minha vida até o dia de hoje, o Anjo que me redimiu de todo o mal, abençoe estes meninos.”. Que precioso para os netos poderem ouvir o que Deus fez na vida de seus avós! A transformação, os erros e as restaurações. A verdade da vida com Deus, sem máscaras de heroísmos de fé, mas que mostra que é possível ter uma vida plena de paz nesta terra, apesar das dores!
  1. Faz os netos ouvirem que eles carregam o nome da família, pertencem a ela. “Sejam eles chamados pelo meu nome e pelos nomes de meus pais Abraão e Isaque, e cresçam muito na terra”. Entender o significado de carregar o nome (ou sobrenome) de uma família, para um jovem, pode ser transformador! Não é por acaso dos processos terapêuticos investirem sessões e sessões na compreensão da relação familiar para o sujeito, como também no entendimento que o indivíduo tem sobre seu papel na família. Somos quem somos por conta do laço familiar ao qual pertencemos. Jacó sabia disso e quis deixar claro para seu filho e neto o que significava a história deles – mesmo eles tendo passado tanto tempo distantes!

    Certamente a distância é um desafio na vida de avós e avôs. Porém, entender o papel da pessoa mais experiente da família, que tem autoridade dada por Deus para abençoar e aconselhar, muda qualquer quadro familiar. Jacó soube aproveitar sua oportunidade. As vovós e vovôs de hoje também podem! 

Segue aqui mais um texto da nossa parceira Ultimato sobre “avosidade” que vale a pena conferir: A alegria e a responsabilidade de ser avós. Semana que vem voltamos com o último texto da série! Não perca e até lá! 

 

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