Árvores que abençoam

Não estou satisfeita com a minha vida de oração: sou inconstante. Quando a vida ao meu redor está seguindo seu curso normal, oro de forma corriqueira. Recorro à oração com muito mais fervor nos momentos de turbulência. Dependendo da situação, sou até capaz de mobilizar outros a orar por uma causa específica, mas logo esmoreço, às vezes antes mesmo de obter uma resposta de Deus para aquele problema.

Para mim, então, foi difícil organizar esta revista. Como escrever sobre um assunto sobre o qual preciso conquistar a vitória? Assim, busquei a ajuda de pessoas que não apenas sabem sobre oração, mas cuja prática diária, constante, viva, eu, humildemente, invejo. Reuni material que, espero, ajude tanto aqueles entre nós cujos joelhos estão calejados pelo uso constante em oração, quanto aqueles cujos joelhos estão enferrujados pelo não-uso.

Finalmente, me ocorreu, inspirada numa oração de Michael Leunig (Meditações para a Vida, Editora Textus), que podemos nos comparar a uma árvore. Nossa vida de oração é análoga ao trabalho que as raízes têm ao retirar do solo o seu sustento e o trabalho que realizamos é análogo à parte externa da árvore. Ou seja, o aparente, o visível, o vistoso, dependem do vigor do invisível, do profundo, do interior.

Aí eu fiquei pensando no quanto as árvores são indispensáveis para as crianças. Pelo menos não consigo nem imaginar a minha infância sem as muitas árvores frutíferas de nossa vizinhança. Congregávamos em torno delas, ali alcançávamos as alturas e vivíamos grandes aventuras.

Fiquei pensando em todos os homens e mulheres íntegros que investiram em mim e me moldaram. Então imaginei o número de raízes grossas e ocultas que sustentavam essas pessoas com a seiva espiritual divina. Bom, o resultado de todo esse exercício da imaginação é que agora estou com uma grande vontade de orar! Quero ter a oportunidade de abençoar todas as crianças que buscarem a minha sombra.

Buscando raízes profundas,
Elsie Gilbert

Autor(a): Elsie B. C. Gilbert, editora da Rede Mãos Dadas.