Caro Leitor

Há dois meses decidimos que esta edição de MÃOS DADAS seria dedicada ao tema “Violência Sexual: Como Prevenir”. Comecei a reunir informações, depoimentos e livros, e a fazer contatos.
Mas eu não esperava receber este e-mail de uma colega do leste de Minas Gerais:

”Querida Elsie,

Estou em apuros. Por favor, ore por nós. No momento em que escrevo, Virgínia (pseudônimo) e suas quatro crianças são minhas hóspedes. Estamos tentando reunir a ela o filho de 12 anos sem que o avô das crianças, pai de Virgínia, saiba do paradeiro de todos. Aguardamos uma ordem de prisão para ele, que se empenha em achar a filha e os netos. Virgínia é crente fiel, trabalhadeira, cumpridora do dever e bem reservada. Não tem marido e mora com o pai já há algum tempo. Está em estado de choque. Até ontem nem suspeitava que ele molestava suas filhas de 5 e 7 anos na sua ausência. Não acredita no relato das meninas. Não quer a prisão do pai: “Como vou explicar isto para as meninas?”

Quando lembramos a ela o que nos levou a agir em prol das filhas, só vemos um olhar perdido, morto. Ela não consegue acreditar que uma menina de 7 anos não estaria inventando quando relata: “Ele pede para eu pegar no pinto dele. Aí ele fica duro, aí depois sai uma água branca e ele fica gritando.” Como ela não consegue ver que explicar esse comportamento é mais difícil que explicar por que o avô foi para a cadeia? Confesso que estou tendo muita dificuldade em amar essa mãe!”

Diante do apelo da colega, da falta de atitude da mãe e da lentidão do poder público, me pergunto: “Que tipo de ação é capaz de remover as cordilheiras (montanhas é pouco) e restaurar vida digna aos milhares de pequenos que sofrem e são mutilados emocionalmente todos os dias no mais completo silêncio?”

Estou convicta de que este problema tem de ser encarado como se encara uma epidemia. Não vale só o combate, o confronto. Temos de nos mobilizar em torno de uma grande campanha de prevenção. Encare isto com seriedade. Qual é a sua parte? As crianças no seu círculo de influência já estão preparadas para se defenderem de possíveis abusadores?

A grande verdade é que é da vontade de Deus que criemos um mundo mais seguro para nossas crianças!

Em Cristo, nosso fiel resgatador,

Elsie Gilbert

Autor(a): Elsie B. C. Gilbert, editora da Rede Mãos Dadas.