A criança reflete no olhar aquilo que enxergamos nela. Quando vemos uma criança de olhos bem vivos, curiosos, abertos para a vida, com certeza podemos encontrar alguém em seus relacionamentos que a enxerga como um grande presente de Deus. Já a criança de olhar morto não teve tal felicidade, ainda não foi notada, percebida.
O mistério da vida que há nela é ignorado, desprezado. Quem trabalha com essa criança com o objetivo de devolver-lhe o olhar maroto, brincalhão, precisa buscar enxergá-la da forma única e maravilhosa como Deus a criou. Ter essa visão global da criança é vital para o nosso trabalho.
Esse olhar de forma integral vale para todos os seres humanos, sejam adultos, sejam crianças. Houve um tempo em que o movimento missionário evangélico se limitava a proclamar um evangelho muito resumido e individual, isto é, como conseguir entrada no céu.
Hoje os missiólogos falam de um evangelho muito mais amplo. Falam de algo que afeta todas as dimensões da vida humana: o individual, mas também o coletivo, ou seja, a sociedade; o espiritual, mas também o físico, o intelecto, o emocional. Esse evangelho quer ver cada um buscando a comunhão com o seu Senhor, mas prevê também a submissão de toda a ordem criada ao governo de Cristo. Todo esse corpo de reflexões missiológicas é chamado de missão integral.
São muitas as implicações da missão integral para o trabalho que desenvolvemos com crianças que vivem em situação de grande risco social. O assunto é muito amplo!
Por isso, nesta edição restringimo-nos a um aspecto da missão integral: a convicção de que o ser humano só pode ser visto como um ser complexo e inteiro. Foi assim que Deus nos fez e “viu que era bom”. As várias dimensões de nossa existência não podem ser separadas em caixinhas fechadas.
Nós que lidamos com a criança, ser humano em condição especial de desenvolvimento, precisamos cultivar bem essa idéia, de forma que ela norteie todas as nossas ações.
Sonda-nos, ó Deus! E corrige a maneira como vemos os pequeninos que colocas sob o nosso cuidado.
De mãos dadas,
Elsie Gilbert
Autor(a): Elsie B. C. Gilbert, editora da Rede Mãos Dadas.