Construindo felicidade em Belém do Pará

Chovia muito em Belém naquela noite, quando o Pastor Nahum Freitas, missionário da JOCUM (Jovens com uma Missão) viu uma cena deprimente: dois meninos brigando por causa de um pedaço de papelão. Depois daquele episódio, o evangelista que viera do Maranhão para trabalhar com a população ribeirinha do Pará não seria mais o mesmo. As crianças e adolescentes passariam a ser o seu alvo principal em seu trabalho.

Reintegrando à família

De um simples gesto de compaixão, nasceu o Centro de Valorização da Criança (CVC) que existe há treze anos. O CVC é um dos mais destacados projetos sociais evangélicos de Belém, reconhecido pelo governo e pela sociedade. Seu objetivo é fazer todo o possível para reintegrar as crianças e adolescentes de 6 a 14 anos às suas famílias. Enquanto estão no projeto, as crianças recebem alimentação, roupas, amparo social, psicológico e espiritual. São onze funcionários, incluindo uma psicóloga e dois assistentes sociais. Nos fins-de-semana, voluntários passam o tempo com as crianças, doando amor e cuidado. As crianças também são inseridas na rede escolar pública. O projeto as ajuda na integração com os vizinhos do bairro da Pratinha, um dos mais pobres de Belém, por meio de atividades sócio-educativas conjuntas, como o grupo de dança para adolescentes “Galera de Cristo”.

As dificuldades

O projeto, como tantos outros, não é rico. As dificuldades financeiras são tantas que ameaçam o fechamento do abrigo masculino, que hoje acolhe dez meninos. Se não fossem os convênios municipais e estaduais, não seria possível manter o trabalho. O CVC também não é um projeto de grande porte – atende atualmente 23 crianças e adolescentes. Além disso, segundo a psicóloga Sandra Pinheiro, o CVC ainda sofre com a falta de apoio das igrejas evangélicas da cidade; apenas a Comunidade Integrada da Amazônia (CEIA) ajuda efetivamente o projeto.

A recompensa

Apesar de tudo isso, o Centro de Valorização da Criança continua ajudando a evitar cenas como a presenciada pelo pastor Nahum naquela infeliz noite de chuva. Um exemplo de vida transformada é a de Fabrício Pinheiro, que foi abandonado pela família, que ele nem lembra mais quem é. Aos 13 anos, foi levado para o CVC depois de inúmeras histórias de rejeição. Aos 18 (idade-limite para continuar em um abrigo para adolescentes), foi adotado pela família do próprio Pastor Nahum. Hoje, com 19 anos, Fabrício resume o que esse projeto tem feito para algumas crianças e adolescentes de Belém: “No CVC, passei a acreditar na felicidade”.

Vínculos fortes:

  •  com a comunidade local, por meio de projetos como o grupo de dança “Galera de Cristo”;
  •  com a sociedade: voluntários e mantenedores individuais;
  •  com os governos municipal e estadual, através de convênios;

Ponto fraco: 

  • falta de vínculo com as igrejas de Belém.

 

Autor: Lissânder Dias, é editor web na Editora Ultimato.