Cordelia Taylor: fé que perdoa e transforma

Cordelia Taylor, 71 anos, negra, é a fundadora e atual diretora de uma comunidade para idosos num bairro bastante pobre de Milwaukee, no estado de Wisconsin, EUA. No lugar onde antes só existia o tráfico de drogas e muitas casas em ruínas, hoje há um oásis composto por uma quadra inteira renovada. São oito casas reformadas em que 58 idosos, em sua maioria ex-moradores de rua, vivem num ambiente familiar agradável, seguro e saudável.

Cordelia nasceu em uma cidadezinha no sul dos Estados Unidos, em 1935. Seu pai era um pequeno proprietário rural que sempre precisava de empréstimos bancários. No ano em que Cordelia completou 12 anos, seu pai não precisou de empréstimo, e isso irritou os banqueiros brancos.

Cordelia é dona de uma fé que move montanhas (e expulsa traficantes)

Cordelia é dona de uma fé que move montanhas (e expulsa traficantes)

A conseqüência deste pequeno ato de independência foi terrível. O pai dela foi espancado a mando dos banqueiros até morrer.

Por toda a adolescência e parte de sua juventude Cordelia confessa que viveu procurando outros motivos para odiar, para não perdoar e para manter a mágoa que a violência racista lhe provocara. Mas por fim cedeu; ela descobriu que o ódio faz muito mal a quem dele se alimenta.

Uma seqüência de eventos a levou a migrar para o norte dos Estados Unidos. Lá Cordelia casou-se e constituiu família. Teve oito filhos. Mudou-se várias vezes com o marido à medida em que a posição dele melhorava na grande empresa em que trabalhava. Além de cuidar dos filhos, ela se formou em enfermagem e depois em administração hospitalar.

Foi em 1987 que Cordelia, enquanto trabalhava como administradora de asilo para idosos na cidade, decidiu mudar tudo. Ela não se conformava com a maneira como os asilos na cidade eram organizados. Era comum o idoso ser obrigado a usar a cadeira de rodas, mesmo quando era capaz de andar. Eles eram acordados às 6 horas todos os dias para tomar café, e seus hábitos individuais nunca eram respeitados.

Aconselhada pelo marido, Cordelia fundou seu próprio abrigo, que mais parece uma vila. Nesse lugar os idosos são tratados com dignidade, têm pouquíssimas regras, cuidam de uma horta comunitária e relacionam-se com vizinhos. São uma grande família.

Family House (casa de família) é o nome da instituição que além de abrigar idosos atrai a criançada da vizinhança que mantém uma relação de apadrinhamento com eles (cada uma tem um avô substituto). Desde 1987 Cordelia, seu marido e seus filhos (seis deles trabalham com ela) se envolveram numa verdadeira cruzada contra o tráfico de drogas e o descaso das autoridades da cidade com aquele bairro e sua população.

Para manter a Family House ela precisa levantar 750 mil dólares em doações por ano. Mas Cordelia não aceita recursos do governo por causa das muitas restrições impostas, principalmente as de ordem religiosa. Dona de uma fé que move montanhas (e expulsa traficantes) ela não se assusta: “Eu sei o que a oração pode fazer. Eu não acredito que Deus queira me ver de joelhos diante de ninguém, a não ser dele mesmo”.

E a história continua…

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