Há na minha cabeça um disco riscado que faz com que eu fi que cantando uma mesma canção por vários dias. Eu sei, é irritante. Mas em alguns casos esse “defeito de fábrica” pode ser providencial. Nos últimos dias minha mente emperrou em uma canção que fala sobre alegria. “Alegria é viver feliz, sem importar com a situação…”
Havíamos decidido com nossos parceiros que o tema desta revista seria “Recreação”. Como a canção não ia embora, resolvi valer-me dela. O que alegria teria a ver com recreação?
Descobri algo importante: como profissionais, podemos conduzir crianças por atividades de recreação sem, contudo, experimentarmos a leveza, o prazer e a alegria que esses momentos deveriam nos proporcionar. Somos capazes também de “matar” a atividade por causa do nosso mau humor, de uma palavra dura ou de um toque agressivo. A alegria precisa ser o que dá sentido à recreação, algo que estabelece o compasso da brincadeira. Indo mais além, a alegria deve ser uma espécie de termômetro de toda a nossa atuação: na quadra, nas salas, na cozinha, nos corredores, na secretaria da organização social ou na igreja.
Foi refletindo sobre essas coisas (com o fundo musical do disco riscado lá no fundo da minha mente), que cheguei à conclusão de que um espírito alegre é uma das marcas mais importantes para quem trabalha em ação social.
Há uma outra conexão importante entre alegria e recreação: experimentar a alegria fi ca mais difícil à medida que acumulamos tarefas, cumprimos prazos e nos sobrecarregamos com toda sorte de problemas.
Opa! Parece que essa conversa sobre problemas está mudando a faixa do meu disco riscado. Minha mente está cantando uma canção que diz assim: “Esperei confiantemente no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu quando clamei por socorro…”. Vamos parar um pouco, descontrair, gastar tempo rindo com nossos amigos e familiares? Vamos buscar formas de revigorar nossos corpos e nossas mentes?
De mãos dadas,
Elsie Gilbert
Autor(a): Elsie B. C. Gilbert, editora da Rede Mãos Dadas.