Diaconia: formando atores da sociedade

Dilson tem 16 anos, mesmo parecendo ser mais novo. Seu corpo, franzino, não revela exatamente sua idade e sua personalidade. Quando começa a falar, a falta de inibição de sua voz rouca mostra que Dilson tem muito a oferecer.

Diaconia
Ele é um dos adolescentes apoiados pela Diaconia – instituição fundada por um grupo de igrejas evangélicas em 1967 que “se coloca a serviço dos excluídos da sociedade, identificando-se com suas lutas na construção da cidadania com dignidade”.
Através do Programa de Promoção da Criança e do Adolescente (PPCA), – um dos três programas que desenvolve – a Diaconia vem fazendo diferença na vida de 1.200 crianças, adolescentes e jovens das periferias de Recife (PE) e Fortaleza (CE). Com uma maneira nova de gestão, ela está conseguindo, não somente diminuir a pobreza, mas também instigar comunidades pobres a serem protagonistas (personagens principais) da sociedade.

Protagonismo juvenil
Especialmente impressionante é a participação dos jovens como verdadeiros atores de mudança da sociedade. Cada projeto social apoiado pela Diaconia é coordenado por um Grupo Gestor formado por representantes da própria comunidade, entre eles, adolescentes e jovens atendidos pelo projeto. “A Diaconia exige que, antes de apoiar qualquer projeto social, haja um mínimo de organização comunitária”, diz Alexandre Botelho, coordenador do PPCA.

Dilson faz parte do Grupo Gestor do Projeto Crescendo no Morro, na periferia de Recife. Quando alguns quiseram acabar com a oficina que ensina a fazer mosaicos, ele foi logo contra: “a oficina é importante porque faz a integração entre os jovens” disse. Dilson foi recebendo apoio de outros do grupo em sua decisão e, no final, a maioria preferiu que as aulas de mosaico continuassem. “Quem luta sempre alcança”, diz ele, vitorioso.

No projeto Escuta, em Fortaleza, os jovens são conscientes de que são importantes para melhorar a sociedade. Participam de um fórum de enfrentamento da violência sexual, das discussões do orçamento participativo do município e de campanhas nas escolas pelo voto consciente. “Se nós que somos adolescentes não lutarmos, não haverá muita gente para lutar por nós não”, proclama um dos jovens.

Oficinas
Em oficinas de lazer e cultura escolhidas pela própria comunidade, os professores, chamados “arte-educadores”, ensinam às crianças e aos jovens noções de dança, capoeira, música, percussão, teatro e criatividade literária, entre outras. Não é raro vê-los apresentando o que aprenderam em praças, museus, escolas e centros comunitários. Muitos dos alunos acabam tornando-se “arte-educadores”. “As oficinas foram a melhor coisa que poderia ter acontecido aqui no morro”, diz Laura Cristina, mãe de uma das crianças atendidas no morro da Conceição, em Recife. Em uma das oficinas, a de criatividade literária, a biblioteca do projeto registrou 358 empréstimos de livros em 3 meses. “Os jovens criam e recriam o espaço para a educação e a cultura. O que fazemos é só acender o fósforo”, diz Alexandre.

No final de agosto, a Diaconia lançou uma cartilha sobre as oficinas desenvolvidas em Fortaleza. Na ocasião, ela pôde avaliar o bem que está fazendo às comunidades. A festa de lançamento reuniu dezenas de famílias. Na programação: teatro, música, dança e sorrisos de gente orgulhosa por ter sido lembrada. Tudo comandado pelos próprios jovens. Não poderia ser diferente.

DIACONIA – Programa de Promoção da Criança e do Adolescente (PPCA) 
Apóia dois projetos comunitários em Recife (PE) e 4 em Fortaleza (CE).
1.200 crianças, adolescentes e jovens beneficiados diretamente.
60 arte-educadores

Linhas de ação: atividades de arte-educação, organização e mobilização comunitária, fortalecimento sócio-familiar e intervenção nas políticas públicas.
Destaque: protagonismo juvenil
Ponto fraco: pouca interação com as igrejas evangélicas.

O QUE É PROTAGONISMO JUVENIL?

É um tipo de ação de intervenção no contexto social para responder a problemas reais onde o jovem é sempre o ator principal.
(Retirado do site www.protagonismojuvenil.org.br )