Escolas dominicais acolhem crianças pobres

Nos dias 25 a 31 de julho de 1932 aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a XI Convenção Mundial das Escolas Dominicais, com cerca de 1.850 participantes, vindos de diversas partes do mundo. Mesmo com a situação política interna crítica por causa da eclosão da Revolução Paulista naquele ano, os congressistas se reuniram no Teatro Municipal para discutirem os rumos da educação religiosa no mundo e o papel das escolas dominicais.

A preocupação com o ensino infantil tomou boa parte dos debates sobre os objetivos, os métodos e as estratégias para se alcançar as crianças com o evangelho e a educação religiosa. No relatório final, tem-se o seguinte quadro dos evangélicos no Brasil: “há atualmente uma comunidade evangélica total, no Brasil, computando mais de 400.000 membros, dos quais pelo menos 200.000 são crianças de idade escolar. Provavelmente, não há dessas mais que 10.000 crianças na escola primária e

Crianças na igreja da Associação Educacional e Beneficente Vale da Bênção, durante o Mutirão de Oração de 2009

10.000 nas escolas secundárias, da igreja evangélica”.

Estes números revelavam o pequeno alcance que as escolas dominicais e as escolas confessionais evangélicas tinham das crianças em idade escolar no Brasil. Naquele tempo, o ensino público e o ensino privado não alcançavam todas as crianças em idade escolar, sobretudo nas áreas rurais. Além disso, somente 10% das crianças das igrejas evangélicas frequentavam uma escola formal. Isto signifi ca que as demais eram educadas somente pelas escolas dominicais que acolhiam crianças oriundas das camadas pobres da população.

Os dados e as estatísticas das escolas dominicais serviam como referência para a avaliação da presença protestante no mundo, sendo o ensino um fator de unidade num campo religioso marcadamente fragmentado e dividido. A educação era a missão comum dos diferentes ramos protestantes.

Autor(a): Lyndon de Araújo Santos, pastor e historiador. Atualmente integra a equipe pastoral da Igreja Evangélica Congregacional de São Luís, MA, e é professor do Departamento de História da UFMA. Possui Mestrado em Ciências das Religiões (UMESP) e Doutorado em História (UNESP). É o atual presidente da Associação Brasileira de História das Religiões.