Deus nos concedeu o privilégio de ter quatro filhos. Há vinte dias, nosso caçula, James William chegou. Entre uma mamada e outra escrevo este editorial.
Participação infantil ou protagonismo infanto-juvenil significa “crianças que influenciam as questões que afetam as suas vidas, falando e agindo em parceria com os adultos”.(1)
É desejável que todas as crianças e adolescentes tenham a oportunidade de serem atores e de desempenharem papéis importantes, usando a voz e sendo ouvidos pelos adultos.
De volta ao James William. A única arma de que ele dispõe para se fazer ouvido é o choro. Portanto, sua expressão é limitada. Ele chora e nós, pais, tentamos adivinhar e prover todas as suas necessidades.
Já o Lucas, nosso primogênito de 11 anos, tem um vozeirão. Ele, sim, sabe muito bem participar de tudo que lhe interessa. E a cada dia que passa sua argumentação, suas habilidades e visão de mundo vão se ampliando. “’Porque não!’ não é resposta, mãe!” diz ele com freqüência.
Refletindo sobre isto, concluí:
Primeiro: participação infantil é um princípio dinâmico que leva em conta o desenvolvimento integral das crianças. Suas habilidades e capacidades estão em constante transformação.
Segundo, o melhor lugar para começar a praticar a participação infantil é em casa. Respeitamos o valor do conhecimento e das contribuições de nossos filhos? Aprendemos com eles? Incluímos nossos filhos nas grandes decisões que mudarão de forma radical as suas vidas?
E por último, o medo de perdermos a autoridade sobre nossos filhos pode impedir que vivamos grandes momentos com eles. Participação quer dizer isto mesmo, participar, e não forçar a barra para conseguir o que se quer. Um dia, o André (9 anos) nos trouxe as Bíblias na hora do almoço e disse “Esta família precisa voltar a ler a Bíblia antes da refeição!” Ele falou com a autoridade de quem tinha toda razão. E nós obedecemos.
Agora, lá vou eu dar um colo para a Vitória (3 anos) cujo trono se vê irremediavelmente abalado!
Com as mãos cheias,
Elsie Gilbert
(1) Participação Infantil, Roots 7, Tearfund, 2004.
Autor(a): Elsie B. C. Gilbert, editora da Rede Mãos Dadas.