São Pivete Henrique

Sorridente, (ou como ele diria, “sorri-sem-dente”) Henrique Jorge dos Santos Silva, o pivete, é uma “figura”.

O idealizador e inspirador do Projeto São Pivete é um grande homem de orçamento pequeno, que tem transformado a vida de centenas de crianças e adolescentes no bairro de Carlito Pamplona, em Fortaleza (CE). Ele criou a corrida infantil mais consagrada do município: a Corrida Rústica São Pivete.

Em 1989, incentivado por alguns garotos sentados na calçada, Henrique teve a idéia de oferecer às crianças do seu bairro a oportunidade de ter uma corrida pelas ruas da vizinhança. A primeira aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1990 e deu tão certo que a dose foi repetida no dia 2 de dezembro do mesmo ano. De 1991 a 1999, a corrida aconteceu no Natal. Desde 2000, o terceiro domingo de dezembro é o dia santo do São Pivete.

Nos anos 90, Henrique começou a treinar um grupo de crianças de um modo regular e a casa dele sempre teve um certo caráter comunitário. Em 1995, Henrique e sua família conheceram a Igreja Batista Aliança, e assim a Jesus. Em 1998, o projeto virou associação. Agora as crianças jogam futebol de salão, brincam, recebem aulas de reforço, música, inglês e (em breve) informática. Quando conheci Henrique, a associação funcionava dentro da casa dele. Detalhe: a casa mede 60 metros quadrados. Agora, está sendo construída uma sede própria para a associação.

Sociedade ingrata. Grande Henrique. Ele começou em 1981 como flanelinha no estacionamento da então FEBEM-CE (agora Secretária de Ação Social do Estado do Ceará). Com o seu carisma, ganhou um emprego como contínuo (office-boy) na instituição. Através do seu conhecimento da comunidade e a sua posição na instituição, mais de 15 crianças são encaminhadas por ano para programas do Governo. Hoje, com 38 anos, ele continua como contínuo, ganhando um salário mínimo, mais abono familiar. O orçamento do projeto impressiona: poucos patrocinadores, pouco dinheiro e grandes esperanças.

Daniel, assistente de ação social da Igreja Batista, foi menino do São Pivete. Márcio, professor no Seminário Teológico Batista do Ceará, foi menino do São Pivete. Meus filhos Edward e Ana – tenho orgulho de dizer – são meninos do São Pivete. Testemunhas mil ao impacto da vida de Henrique, de sua esposa Cláudia e da sua equipe na vida dos outros.

Perguntei ao Henrique o que ele gostaria que eu escrevesse sobre ele. Ele disse: “fale que eu sou simples e justo e que tenho medo de magoar as pessoas quando me dirijo a eles, mesmo se a pessoa estiver errada”.
Quando se fala do São Pivete, não se trata de um santo. É só o jeito cearense de dizer “São Pivetes”. Agora, quando se fala do Henrique, trata-se de um santo, sim.

Se você deseja conversar com Henrique, escreva para: projetosaopivete@ig.com.br

Autor: Mark Greenwood, ministro de Ação Social da Igreja Batista Aliança, em Fortaleza (CE) e missionário da Sociedade Missionária Batista.