Lembra da Dona Maria Espedita, a mãe da Rafaela, aquela que você visitou lá no Morro do Café na semana passada? Barraco relativamente sujo, marido letárgico, filha adolescente namorando indecentemente na entrada do beco? Lembra do seu pensamento inquietante:
— O que adianta cuidar da Rafaela, ensinar a cruzar as mãozinhas em oração, rir de suas tiradas, quando cheirosa e bem nutrida ela volta para cá?
A frustração faz sentido porque sabemos que o ser humano é moldado pelo ambiente que o cerca e que a criança se espelha nos adultos, que ela identifica como pai, mãe, tio, avó.
O tema desta edição é famílias em risco. São muitos os ricos cujas conseqüências recaem sobre o elo mais fraco: a criança. Sejamos francos: morremos de medo de abordar a família, porque é composta de adultos que muitas vezes são mentalmente resistentes, psicologicamente frágeis e espiritualmente doentes.
Na matéria de capa, páginas 6 a 11, você vai encontrar subsídios para investir nas famílias de “nossas” crianças e adolescentes. Sempre que possível, estamos oferecendo oportunidades para aprofundamento. Aproveite-as.
Mas antes, leia o testemunho da Cida Stuckey sobre seus papéis como missionária, esposa e mãe. Em seguida, descubra um pouco do consolo de Deus para os que choram, nas palavras do pastor Carlos Queiroz. Em “Resgatando a Memória”, relembramos fatos históricos sobre a obra social cristã no Brasil.
Para finalizar, incluímos uma repotagem sobre a Casa de Apoio em Belo Horizonte, uma coluna de perguntas e respostas sobre o ECA e um espaço para troca de informações que julgamos ser a chave para o vigor ministerial junto a crianças e adolescentes em situações de risco.
É nosso desejo que, na próxima vez que subir o morro, você vá armado de ferramentas capazes de ajudá-lo a construir um pedaço do reino de Deus e a sua justiça ali. Se já o faz, compartilhe suas experiências conosco. Queremos muito subir o morro junto com você.
De mãos dadas,
Elsie Gilbert
- Autor Elsie B. C. Gilbert, Editora da Rede Mãos Dadas.