Dia 1: “Pai nosso que estás nos céus…”

Quando oro, a quem me dirijo? Na oração de Jesus, a oração que apelidamos de “Pai Nosso”, sou instruída a falar com o Pai. O problema é que nem sempre tenho claro diante de mim o que Jesus queria dizer quando se referia a Deus como “Pai”. Será que a minha  experiência com o meu pai, que era humano, portanto imperfeito, pode me levar a pensar em Deus de uma forma distorcida?

Quem é este Pai a quem Jesus tanto se refere? O Evangelho de João começa dizendo que “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (João 1:18).

Jesus insiste neste assunto várias vezes. “Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:9).

Decidi então vasculhar o Evangelho de João buscando pistas sobre como enxergar o Pai pelas ações práticas de Jesus. Quando eu disser “Pai nosso”, em minhas orações, quero ter este Pai que Jesus revela, bem visível diante de mim!

Logo no capítulo 4, redescubro a história do encontro de Jesus com a mulher samaritana. Inspirada pelo exemplo de Jesus neste relato posso dizer que:

  1. O Pai está disposto a se encontrar comigo no meu caminho, mesmo que este seja um caminho difícil e solitário. Bem sabemos que a mulher samaritana só buscava a água depois que todas as outras mulheres já tinham se servido.
  2. O Pai sabe tocar nos assuntos mais vitais para mim, mesmo que sejam assuntos delicados e que me causam dor. Cinco maridos? Até hoje, este fato faz com que as pessoas levantem as sobrancelhas, desconfiadas.
  3. O Pai fala comigo na minha linguagem e oferece explicações para as minhas dúvidas. Você não está banida do culto ao Pai, porque é samaritana e mulher. “O Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade”.
  4. O Pai desperta em mim uma grande esperança que me enche de alegria. Aquela angústia existencial que se tornou um buraco na minha alma, é preenchido neste encontro. A água que ele me dá, sacia a minha sede.
  5. O Pai me envia, renovada, para a aldeia da minha vida, local onde eu posso, no seu poder, fazer a diferença.

Ore agora, fale com o Pai, imaginando-se nas sandálias da mulher samaritana.

  • Perceba, imagine, vislumbre, como a mulher samaritana o fez, sua família transformada pela presença de Jesus em seu meio. Convide-o para estar com vocês esta semana.
  • Qual é o assunto mais delicado que você precisa abrir com o Pai sobre a sua vida e em especial, sobre a vida de sua família? Não peça nada. Descreva os seus medos, a sua dor e os seus desejos em relação às pessoas que você ama. Imagine o Pai acolhendo tudo isto como na cena em que Jesus conversa com a mulher, em particular, com atenção exclusiva!
  • Você tem dúvidas sobre o que fazer? Como proceder em uma situação específica? Peça ao Pai que te aconselhe. Escreva o que vier a sua mente e volte a Ele perguntando: “É isto mesmo, Senhor?” Deixe que ele confirme no seu coração se seus pensamentos estão indo de encontro à sua vontade.
  • Peça ao Pai que traga à sua consciência uma promessa especial. Fique em silêncio e aguarde. Às vezes ele falará com você por meio de uma passagem das Escrituras, ou de um hino ou canção. Às vezes ele fala comigo com frases que se formam no meu pensamento. Eu sei que estes não vieram de mim mesma porque eles me consolam, me acalmam ou me enchem de coragem e alegria.
  • Termine a sua oração pedindo a graça do Senhor para compartilhar, esta semana, a água viva com a sua família e com a sua “aldeia”, numa terra que pode estar de fato muito seca!

Por Elsie Gilbert, imagem Andrew Gilbert