Dia 6: “…não nos deixe cair em tentação…”

Este penúltimo pedido na oração do Pai Nosso, me convida a reconhecer que por mim mesma, não terei a vitória diante das tentações que me assediam diariamente. E estas são de fato diárias e precisam igualmente do socorro bem presente do Conselheiro. O Espírito Santo, que em nós habita, nos conhece melhor do que nos conhecemos a nós mesmos porque ele não é versado na prática do autoengano. Ele é capaz e fiel para nos orientar os passos diante das armadilhas colocados no nosso caminho.

Foi o Espírito Santo quem levou Jesus ao deserto e o orientou para que em união com o Pai e com o Espírito, Jesus vencesse o diabo num período de tentação intensa, como nunca vista antes.

O que está em jogo na primeira tentação? É a identidade de Jesus e a sua capacidade de prover para suas próprias necessidades. Se Jesus tivesse consentido com a sugestão do diabo, que mal teria? Afinal, estaria suprindo uma necessidade básica! Sim, mas com uma motivação corrompida. Estaria deixando de depender em Deus e neste caso, bem específico, no Espírito Santo, para fazer demonstrações de poder, para esnobar e provar quem ele era de fato! O poder de Jesus fluía motivado pelo amor e não pela necessidade de autoafirmação.

O que está em jogo na segunda tentação?  É a necessidade de provar o caráter de Deus, provar que seu Pai era um pai cuidadoso e amoroso. O diabo está duvidando sarcasticamente da natureza do relacionamento entre Jesus e Deus, “Será que Deus fará o que ele prometeu para você? Deus de fato te ama?” O pior aqui é que ele usa as palavras de Deus contra Jesus, assim como o fez diante de Adão e Eva no Éden. O diabo aumenta a intensidade da tentação ao justificar esta opção usando as Escrituras, ou seja, usando a mesma arma que Jesus tinha usado na primeira tentação.

A terceira tentação. O que está em jogo: A necessidade de ser relevante, de fazer a diferença, de cumprir sua missão. O diabo desafia a Jesus em dois conceitos muito caros para nós hoje, eficiência e eficácia.  Ele apresenta uma alternativa, um atalho, para a realização de sua missão: salvaria a humanidade, mais rapidamente, com um custo menor, sem guerra, sem o caminho da cruz. A única coisa que Jesus teria de fazer seria sacrificar o seu “orgulho” e mudar a sua lealdade, adorando-o!  Esta é a base de toda idolatria! Há uma mentira básica nesta afirmação do diabo. Os reinos do mundo não são seus para dar, mas sim herança do Senhor (Sl 2.8). A essência desta terceira tentação é levar Jesus a obter a sua herança como filho do Deus Altíssimo de forma autônoma, por conta própria, sem a obediência devida ao Pai.

Diante disto tudo precisamos:

1- Reconhecer que não somos, de forma alguma, melhores que Jesus. Estamos vulneráveis à tentação quanto a nossa identidade porque nem sempre sabemos que somos e muitas vezes acreditamos nas mentiras veiculadas ao nosso redor sobre nós mesmos. Quantas vezes nossas angústias sobre o que haveremos de comer e beber são exercícios em autoafirmação?

2- Reconhecer que facilmente caímos na cilada de desconfiar do amor de Deus para conosco. Ele é fiel, ele demonstra o seu amor, graça e misericórdia para conosco inúmeras vezes. Nós desconfiamos deste amor! O que Deus precisa fazer para provar que nos ama? Se o que ele já fez ainda não é o suficiente, que terra dura e árida é o nosso coração para com Deus!

3- Descobrir que o Espírito Santo tem prazer em nos guiar assim como um pastor cuida com carinho de suas ovelhas. As táticas mudam de acordo com o ambiente e as ameaças. Podemos confiar na sua voz e no seu cajado.

Pensando na sua família:

 Ore por questões mais graves que está batendo a porta de algum membro da sua família. O Evangelho de Lucas conclui o relato assim: “Tendo terminado todas essas tentações, o diabo o deixou até ocasião oportuna” (Lc 4.13). Isto significa que há ocasiões mais oportunas que outras nas quais as tentações se tornam mais agudas. É nosso papel como intercessores, levar os nossos queridos até Deus para que nestes momentos de tentação mais intensos eles obtenham a vitória.

 Ore para que cada um dos membros da sua família descubram a voz doce e mansa do Espírito Santo como um Conselheiro diário e fiel. Peça a Deus que os seus queridos não abafem esta voz!

 Ore para que cada membro da sua família descubra sua identidade no Senhor Jesus Cristo, e que afirmem todos os dias sua dependência no amor e cuidado de Deus para todas as suas necessidades. Ore também para que os adultos descubram a alegria da nossa relevância como uma relação direta à obediência a Deus na missão que ele nos der durante os dias que nos conceder aqui na terra!

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se há em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno. Salmos 139.23-24

 

Por Elsie Gilbert, imagem Andrew Gilbert