Dia 6: “As crianças à beira do caminho – A criança é quem está à beira do caminho parte 2”

O artigo a seguir é uma adaptação da palavra do pr. Ariovaldo Ramos dirigida a 29 pessoas reunidas para o I Encontro de Educadores Sociais Cristãos, organizado por Mãos Dadas em julho de 2008.

Decidimos reproduzi-lo nesta edição porque suas palavras expressam bem a convicção dos que participam da Rede Mãos Dadas e fortalecem o nosso compromisso com Deus e com as crianças brasileiras que estão à beira do caminho.

A imprensa, por sua vez, dá voz às forças dominantes no Brasil que se integram de forma articulada para camuflar o problema, para maquiar o país. É verdade que nós temos uma economia potente, que nós somos uma das vinte nações emergentes e somos uma das mais próximas do primeiro mundo.

Mas toda essa vitalidade econômica continua nas mãos de poucos, pois os meios de produção pertencem a poucos.

Somos a única nação moderna do mundo que não passou por uma reforma agrária. Essa situação no campo propicia o trabalho escravo, cuja maior vítima é novamente a criança.

O Brasil tem uma pessoa agonizando à beira do caminho. É uma criança ou um adolescente, que sofre pelo descaso do Estado, pela falta de políticas públicas, pelo modelo econômico, um modelo concentrador de riquezas e que eleva o lucro à condição de deus.

O lucro é um grande inimigo da criança porque ninguém custa menos ao ser explorado do que a criança. É simples, é a lógica do sistema. E é contra isso tudo que lutamos.

Se a igreja continuar com o evangelho do mestre da lei, nós não vamos fazer diferença alguma em nosso país, porque é um evangelho que não sabe a quem se deve amar. Um evangelho que não se identifica, que não reconhece que tem alguém à beira do caminho, e que passa ao largo de crianças estiradas, crianças que representam o futuro desse país.

Uma nação que não cuida bem das suas crianças é uma nação comprometida, em crise.

Qual é o nosso papel? É não desistir da igreja.

A parábola do samaritano é mais atual do que a gente gostaria que fosse, e ela é destinada à igreja brasileira e para a situação desse país. Nosso papel, na igreja, é pegar nossos pastores pelo colarinho e dizer: “Venha aqui ler a parábola do samaritano de novo.

Vamos ler outra vez, parece que nossa igreja não a entendeu ainda. Vamos ler até que eu, você e os que estão conosco saiamos dessa posição de conforto”. Essa missão nós não podemos abandonar.

 

Por Ariovaldo Ramos
Origem: Revista Mãos Dadas. Edição 21

Para refletir:

Qual papel que temos de ter com os cuidados com as crianças?