Hoje, 15 de maio, comemora-se o Dia do Assistente Social, profissional que ocupa a linha de frente na defesa dos direitos humanos, enfrentando desafios para compreender a realidade dos indivíduos, construindo propostas de trabalhos voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade.
Em celebração a esta data, a Rede Mãos Dadas convidou para uma entrevista Denise Maranhão, assistente social, hoje aposentada depois de 39 anos na profissão e à frente da BEM (Bem Estar do Menor), localizada em Sabinópolis, Minas Gerais.
Na entrevista, perguntamos para Denise sobre a sua trajetória, os desafios que enfrentou, as principais transformações que ela viu acontecer na área e, ainda, o que ela gostaria de compartilhar com aqueles que estão iniciando suas jornadas agora.
Denise inicia contando sobre como escolheu seguir a carreira: “eu tinha 16 anos e ia numa congregação da minha igreja que ficava em uma favela lá na minha cidade, em Niterói. Mas a igreja mesmo era de classe bem alta e a congregação que eu ia, subindo o morro a pé, era uma casinha de pau a pique. Então eu, adolescente, ficava vendo aquela realidade já muito marcada pela desigualdade, ouvia na igreja sobre Jesus, que estava sempre ajudando a todos, e ficava pensando o que eu podia fazer para ajudar aquelas pessoas. Por acaso, tinha um menino da igreja que também ia com a gente, e a mãe dele era assistente social. Então eu peguei no pé dela e ela foi me contando o que fazia. Foi assim que eu me interessei e decidi.”
Seguindo a entrevista, ela compartilha sobre uma grande mudança no cenário que acompanhou ao longo da caminhada: “eu me formei na universidade no ano de 1984. Nessa época, era tudo muito assistencialista. Eu tinha uma mentora que me dava todas as direções. Era um trabalho totalmente nosso (da organização) entender a realidade, descobrir como intervir nela e ir atrás dos meios. Só que, mais pra frente, as coisas foram mudando muito, em 1988 veio a Constituição, em 93 a Lei Orgânica da Assistência Social, e assim as políticas públicas foram surgindo. Tudo mudou completamente, antes nós íamos cobrar as coisas, até mesmo a existência da própria política e agora, com a política já estabelecida, ela mesmo nos cobra, como instituição, a nos organizar segundo aquilo que ela diz.”
Por fim, perguntamos para Denise se ela encontrou alguma divergência entre os ensinamentos de Jesus e o exercício profissional e o que ela diria para alguém que está começando na carreira agora. Ela explica que existem sim muitas divergências de cosmovisão, mas que para ela não foi um grande desafio quando ela entendeu o sentido. “Não precisamos demonizar a teoria. Deus quer justiça. A assistência social existe para buscar a justiça social para quem dela precisar. A profissão de assistente social é muito importante para um país como o Brasil, ela traz direitos sociais para aqueles que estão à margem de muitas realidades. Então eu diria para seguir adiante porque as pessoas precisam de profissionais que sejam coerentes com a sua realidade, mas que também sejam coerentes com a sua fé. É muito importante que os jovens busquem conhecimento. Habilidade vai se adquirindo. Só se aprende fazer, fazendo. Este é o meu conselho. Aproveite todas as oportunidades que você tem e busque conhecimento.”